Publicado por Katharyne Bezerra

Apesar do sabor amargo, a jurubeba é uma aliada da saúde na luta contra doenças gástricas ou que afetam o fígado.

E o melhor de tudo é sua versatilidade, pois as raízes, cascas, folhas e frutos podem ser utilizados em preparações medicinais.

Imagem da planta jurubeba

No nordeste esta planta é muito reconhecida por ser matéria prima da pinga de jurubeba (Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

Naturalmente brasileira, a planta está presente em diversos estados de nosso país, onde pode ser conhecida por outras nomenclaturas, a exemplo de juripeba.

No entanto, não importa o termo, nem a cor (branca, rosa ou vinho), a jurubeba tem uma lista de propriedades medicinais que podem ser encontradas no seu chá.

Quais os benefícios da jurubeba para a saúde?

Solanum paniculatum, nome científico dessa planta, possui um grande potencial medicinal, tanto que integra a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS).

Isso porque ela apresenta uma composição que pode gerar produtos de interesse à saúde pública. (1)

Índice de benefícios da jurubeba

Protege o sistema gastrointestinal

De todos os efeitos benéficos da juripeba, a proteção gástrica é mais citada pela medicina popular.

A planta estimula a secreção de ácido gástrico, previne o surgimento de úlceras no estômago e pode servir como um tratamento fitoterápico para dispepsia, mais conhecida como indigestão.

Além disso, ela pode ser utilizada para tratar outros distúrbios gástricos, como a falta de apetite, flatulência e azia. (2)

Cuida do fígado

Outro grande benefício da Solanum é reduzir os efeitos nocivos que algumas substâncias e doenças provocam no fígado.

Um exemplo disso é o consumo de bebidas alcoólicas, responsáveis por causar lesões nas células hepáticas.

Em algumas situações, quando o indivíduo consome um alto teor de álcool e de forma frequente, o órgão pode acabar se auto-degradando. (3)

Tem ação protetora com as células

Uma pesquisa elaborada na Itália, em 2013, buscou estudar as propriedades antioxidantes de frutas tropicais brasileiras pouco citadas no meio acadêmico, como pequi, pitaya, seriguela, umbu e a jurubeba.

De todas elas, essas duas últimas (umbu e jurubeba) apresentaram maior teor de moléculas capazes de impedir a oxidação das células.

Esse benefício pode ser decorrente de dois fatores principais: a presença de polifenóis ou de vitamina C.

Além da jurubeba apresentar esses dois compostos, a pesquisa italiana destacou o protagonismo dos flavonoides nela.

Com isso, é possível afirmar que o fruto da planta em questão pode atuar na proteção das células do corpo.

Consequentemente, auxilia na prevenção de doenças degenerativas, como câncer, diabetes e problemas no coração. Além de retardar o envelhecimento da pele. (4)

A jurubeba ajuda a eliminar toxinas

Ainda há estudos e profissionais da saúde que atrelam a essa planta o poder diurético, como é o caso dos professores da Faculdade de Farmácia do Rio de Janeiro e autores do livro “A saúde pelas plantas e ervas do mundo inteiro”, Ricardo Lainetti e Nei de Brito.

Essa ação constitui em aumentar o fluxo urinário, fazendo com que o consumidor passe a urinar com mais frequência.

O lado bom desse efeito é que a urina é capaz de excretar substâncias tóxicas do corpo, promovendo uma limpeza no organismo. (5, 6)

Combate os vírus

Também é possível classificar esse produto natural como um poderoso antiviral, principalmente no que diz respeito ao combate do vírus causador da herpes.

Essa atividade pode inibir em até 98% esses organismos. (2)

Cicatriza ferimentos

Por último, um benefício externo da jurubeba: a cicatrização de ferimentos.

O decoto das folhas dessa planta pode ser aplicado para tratar feridas e aliviar hematomas causados por contusões. (6)

Formas de consumo

Existem pelo menos duas maneiras de aproveitar a juripeba e cada uma delas têm suas especificidades.

O chá, por exemplo, é mais terapêutico e pode ser ingerido ou usado em aplicações externas.

Já a conserva é indicada para compor as refeições como uma ótima forma de se hidratar, pois o fruto é constituído por 66,6% de água.

Além disso, este fruto é rico em nutrientes essenciais para a saúde, como fibras, cálcio, magnésio, potássio e as vitaminas C, A e B. (7)

Chá da planta

O Ministério da Saúde recomenda fazer uma infusão com 1 colher (de chá) em 150 ml de água fervente. Misture tudo e tampe, deixando agir por até 5 minutos. Em seguida, coe e beba.

Além disso, o órgão recomenda tomar uma xícara de três a quatro vezes por dia. (2)

Como fazer conserva de jurubeba?

Receita prática de conserva de jurubeba

Ingredientes

  • 1 mão cheia de jurubeba
  • Salmoura (limão ou vinagre, água e sal)
  • Cebola, alho e temperos a gosto
  • Uma malagueta vermelha para enfeitar
  • Água potável.

Modo de preparo

Deixe a salmoura ferver por 15 minutos, enquanto você lava as jurubebas para a retirada dos pelos dos frutos. Coloque-as para ferver, mas fique atento para não amolecer demais. Depois é só colocar os frutos em um pote de vidro e acrescentar a salmoura, sem deixar que o líquido prevaleça. (8)

Dúvidas frequentes sobre a planta

1. Jurubeba emagrece?

Não há relatos ou estudos científicos que afirmam o poder emagrecedor da jurubeba.

No entanto, como tem propriedades diuréticas, é possível afirmar que a planta consegue diminuir líquidos retidos no corpo, promovendo um desinchaço e, consequentemente, a sensação de perda de peso.

2. Ela aumenta a pressão ou faz mal para o coração?

Como é um diurético natural, a planta não faz mal para o coração. Apesar disso, o uso do chá em pacientes com problemas cardíacos não é recomendado sem acompanhamento médico.

Já no caso da conserva, o uso é contraindicado, principalmente em casos de hipertensão arterial devido à presença da salmoura.

3. Qual a família da jurubeba?

Solanum paniculatum é uma planta da família das Solanáceas e está presente, em grande parte, no Nordeste do Brasil.

4. Quais são as contraindicações e efeitos colaterais?

As contraindicações são para crianças, grávidas e lactantes.

Já as pessoas portadoras de doenças degenerativas, como a diabetes ou a hipertensão arterial (pressão alta), o recomendado é sempre buscar a opinião médica antes de usufruir da planta.

De acordo com Ministério da Saúde, “doses acima da recomendada e por um período de tempo acima do indicado podem causar intoxicação com náuseas, vômitos, diarreia, cólicas abdominais, confusão mental, edema cerebral e morte”. (2)

Referências

(1) Ministério da Saúde. “RENISUS – Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS – Espécies vegetais“. 2014. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/maio/07/renisus.pdf. Acesso em: 27 de setembro de 2019.

(2) Ministério da Saúde. “Monografia da espécie Solanum paniculatum (Jurubeba)“. Ministério da Saúde e Anvisa, Brasília, 2015. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/11/Monografia-Solanum-paniculatum.pdf. Acesso em: 27 de setembro de 2019.

(3) SOUZA, Gabriela R.; et al. “Chemical profile, liver protective effects and analgesic properties of a Solanum paniculatum leaf extract“. Biomedicine & Pharmacotherapy, Volume 110, 2019, Pages 129-138. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0753332218348376?via%3Dihub. Acesso em: 27 de setembro de 2019.

(4) GREGORIS, Elena; et al. “Antioxidant Properties of Brazilian Tropical Fruits by Correlation between Different Assays“. Biomed Research International, 2013. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3782762/. Acesso em: 27 de setembro de 2019.

(5) LAINETTI, Ricardo; BRITO, Nei R. S. de. “A saúde pelas plantas e ervas do mundo inteiro“. Grupo Ediouro, Editora Tecnoprint S.A.

(6) SANTOS, Sthefany Penélope Alves. “Jurubeba: Importância e sua utilidade“. Universidade Federal de Pernambuco, Tecnologias Sociais, Volume 1, Edição 1, Recife, 2013.Disponível em: https://www3.ufpe.br/. Acesso em: 27 de setembro de 2019.

(7) Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação – NEPA. “Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – TACO“. Campinas, São Paulo, 2011. Disponível em: http://www.nepa.unicamp.br/taco/contar/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada.pdf?arquivo=taco_4_versao_ampliada_e_revisada.pdf. Acesso em: 27 de setembro de 2019.

(8) VIGNOLI, Clara. “Receitas elaboradas na oficina de plantas alimentícias não convencionais (PANC’S)“. 1ª Semana de Agricultura Familiar e Agroecologia, 2016.Disponível em: https://www.fva.org.br/wp-content/uploads/2016/12/Receitas-elaboradas-no-oficina-de-Panc.pdf. Acesso em: 27 de setembro de 2019.